Intervenções de baixo custo na infraestrutura rodoviária para a mitigação de acidentes: estudo em ambiente simulado de direção

Resumo

Por ano, em média 6.500 óbitos por acidentes de trânsito são registrados no Estado de São Paulo (Infosiga SP e Detran.SP), sendo quatro vezes mais esse valor de sequelados, e em média 39.000 internações de residentes do estado. Desse total, 82% são homens e 44% têm idade entre 20 e 39 anos. O total corresponde a uma taxa de 15 mortes para cada 100 mil habitantes (DATASUS). Os quase 70 mil acidentes registrados nas rodovias paulistas, no ano de 2017, por exemplo, resultaram em um custo de R$ 4,9 bilhões à economia do Estado - com os gastos com saúde como principal componente. Do total dos custos dos acidentes rodoviários, R$ 2,7 bilhões são referentes a gastos com pessoas (o quanto a pessoa que morreu deixou de gerar de renda, tratamento, internação e custos de remoção). Há ainda a perda em veículos e em reparos que, eventualmente, as rodovias precisaram passar após os incidentes, que também superam os R$ 2 bilhões. Por conta desse fato, os acidentes de trânsito se configuram como um grave problema decorrente do impacto na morbimortalidade, particularmente na população mais jovem, não somente no Estado de São Paulo, mas no mundo. Os índices de acidentes, especialmente os com vítimas fatais, revelam a necessidade de investimentos efetivos na infraestrutura rodoviária, na formação dos condutores e na ampliação de campanhas educativas com foco na segurança no trânsito. Uma vez que o comportamento humano e as condições de manutenção dos veículos são fatores que não podem ser controlados integralmente pelos órgãos públicos e empresas privadas responsáveis pelo gerenciamento de sistemas viários, existe a necessidade de se buscar a implementação de ações apropriadas nas áreas passiveis de controle, visando a redução da probabilidade de ocorrência de acidentes e sua severidade Tendo isso em foco, a área de engenharia rodoviária vem buscando constantemente soluções para redução do problema de acidentalidade viária, sendo o grande desafio a implementação de técnicas de alta eficiência e sobretudo, viáveis economicamente. Este projeto propõe atuar na infraestrutura rodoviária para eliminar pontos que podem influenciar acidentes graves - os pontos críticos, com foco em soluções de maior viabilidade técnica e econômica, onde não há a possibilidade de alteração da geometria da via, a partir de soluções combinadas no revestimento do pavimento e na sinalização horizontal e vertical com o uso de simulador de direção. O projeto de pesquisa é uma inovação no sentido de identificar as melhores alternativas em trechos críticos de elevada e média criticidade de acidentes, ao isolar ou combinar soluções de pavimentos e sinalização, sem alterar o projeto geométrico da via. Adicionalmente, irá associar o registro de dados fisiológicos dos motoristas, como o tempo de resposta e a ativação do metabolismo cerebral, sonolência e fadiga, a partir dos registros da dilatação da pupila com o equipamento de rastreio do olhar. Assim, serão estudadas complementações de sinalização horizontal e vertical, sem introduzir elevado número de dispositivos que possam, contrariamente, reduzir a atenção do motorista ao trecho, apoiado na melhoria de percepção ao risco do motorista com uso de simulador de direção, equipado como sistema de rastreio do olhar, para nortear as investigações e gerar resultados para definição das intervenções que serão realizadas no campo. (AU)