Incidência de Aspergillus section Nigri produtores de fumonisinas e ocratoxina A e seu significado na saúde do consumidor

Resumo

O conhecimento da distribuição das espécies toxigências nos alimentos é de real importância, porque pode fornecer parâmetros para o controle e prevenção da produção de toxinas pelos fungos. A maioria dos trabalhos com fungos produtores de fumonisina tem se concentrado nos relatos sobre a incidência de espécies de Fusarium, principalmente Fusarium verticilloides, enquanto que os fungos produtores de ocratoxina A, em países de clima quente, tem se focado em espécies de Aspergillus section Circumdati e Nigri. As espécies de Aspergillus section Nigri são encontrados, frequentemente, em alimentos como frutas frescas, vegetais, grãos, cereais e outros. A. niger tem sido utilizado para a produção de várias enzimas e ácidos orgânicos, em escala industrial. Em estudos realizados com café, cacau, frutas secas no laboratório de Microbiologia do ITAL, foi detectada a grande presença de Aspergillus niger e Aspergillus carbonarius produtores de ocratoxina A (OTA), bem como a presença de ocratoxina nestes alimentos, provenientes de várias amostras do Estado de São Paulo, de todo o Brasil e em frutas secas importadas. Em 2007, Frisvad et al. relataram pela primeira vez a produção de fumonisina B2 por Aspergillus niger. Até então a produção de fumonisina havia sido relatada apenas em Fusarium verticillioides que é comum em milho, e em algumas espécies de Fusarium. Este fato é preocupante pois a presença de black aspergilli em alimentos é comum e não existem pesquisas no país, investigando a potencialidade de produção concomitante de ocratoxina A e fumonisina B2 nestas espécies, nos alimentos consumidos pela população. A ocratoxina A (OTA) é uma micotoxina nefrotóxica, que se estiver presente nos alimentos, pode causar danos à saúde do consumidor. Por outro lado, as fumonisinas estão entre as micotoxinas mais importantes na segurança do alimentos e de rações. A fumonisina B1 é a fumonisina mais intensivamente estudada, mas quando comparada à B2, esta última é mais citotóxica que a B1 (Gutleb et al., 2002). (AU)