Migrânea como preditor de alterações estruturais e funcionais cerebrais: avaliação aprofundada de neuroimagem por ressonância magnética no ELSA-Brasil

Resumo

Embora a migrânea seja uma doença neurológica com diagnóstico unicamente clínico, importantes grupos de pesquisa em diversos lugares no mundo têm buscado caracterizar uma "assinatura" cerebral para a migrânea, ou melhor, compreender o impacto da migrânea nas estruturas e funções cerebrais e possíveis associações com risco aumentado para doenças cerebrovasculares, como o acidente vascular encefálico isquêmico (AVC). O objetivo do presente projeto é estudar o impacto da migrânea na prevalência de hiperintensidade de substância branca ("White matter hypertensities"-WMH), ocorrência de lacunas e microinfartos, assim como alterações volumétricas/corticais da substância cinzenta, além das alterações funcionais em até 12 anos de seguimento em uma amostra da coorte do ELSA-Brasil. Em estudo prospectivo, participantes do Centro de São Paulo, de ambos os sexos, maiores de 35 anos ( linha base 2008-10) e com diagnóstico de migrânea sem aura (MO) e migrânea com aura (MA) serão comparados com participantes com outros tipos de cefaleias e sem cefaleias coletados na Onda 1 (2008-2010) e Onda 2 de Cefaleia (2020-2022). Serão avaliados biomarcadores estruturais e funcionais na ressonância magnética (RM-3T): avaliação de variáveis tais como volume cerebral total e segmentos, WMH, ocorrência de lacunas e microinfartos, além de variáveis de risco cardiovascular e comorbidades psiquiátricas. Modelos de regressão logística serão adotados para testar hipóteses de associação entre o diagnóstico de migrânea e subtipos MA e MO (variável preditora) e marcadores funcionais e estruturais na RM-3T (variáveis de resposta), com o grupo de participantes sem cefaleias selecionado como controle, ajustando-se os modelos para variáveis sociodemográficas, de risco cardiovascular e comorbidades psiquiátricas.