Envolvimento da microbiota nos efeitos do canabidiol em modelo animal de autismo

Resumo

As interações entre a microbiota intestinal e o Sistema Nervoso Central (SNC) desempenham um papel significativo no Transtorno do Espectro Autista (TEA), destacando-se o eixo Cérebro-Intestino-Microbiota como uma via essencial para compreender essa condição. Nesse sentido, há um crescente interesse em abordagens terapêuticas para o TEA por meio da manipulação da microbiota, e este projeto propõe o canabidiol (CBD) como um candidato promissor nesse contexto. Pesquisas anteriores destacaram o potencial antimicrobiano do CBD, o qual pode selecionar microrganismos que são conhecidos por serem benéficos para o SNC. Entretanto, ainda não foi investigada in vivo como alterações no microbioma causadas pelo CBD poderia intervir nos seus efeitos (ou seja, sua farmacomicrobiômica) e por quais vias a seleção da microbiota intestinal pode modular o perfil neuroinflamatório do hospedeiro. Os Ácidos Graxos de Cadeia Curta (AGCC) emergem como moléculas relevantes nesse contexto, agindo como agonistas dos receptores GPR109a expressos em diferentes células do Sistema Imune. Estudos in vitro demonstraram que a ativação desses receptores aumenta a população de linfócitos TREG, promove um perfil anti-inflamatório na micróglia e atenua a neuroinflamação. Portanto, este estudo tem como objetivo investigar a farmacomicrobiômica do CBD, analisando se uma das formas pelas quais esse composto atua é modificando o perfil pró-inflamatório por meio da seleção de microrganismos produtores de AGCC e, assim, modular o Sistema Imune em um modelo animal de TEA induzido por Ácido Valpróico, com a finalidade de tratar os prejuízos neuroimunes e comportamentais associados a essa condição.