Resumo
O reservatório de Barra Bonita, formado pela junção dos rios Piracicaba e Tietê, com uma aérea de cerca de 384 Km², é o primeiro de uma série de seis grandes reservatórios localizados na bacia do médio Tietê a qual tem uma área de cerca de 33,000 km² e possui uma população de 5 milhões de habitantes. Dista a 250 km da populosa (15 milhões de habitantes) cidade de São Paulo, capital do Estado, da qual recebe parte dos seus despejos domésticos e industriais. O reservatório foi construído com a finalidade de geração de energia hidroelétrica, mas atualmente é também bastante utilizado para fins de irrigação, abastecimento urbano de água, pesca, e é um importante centro de recreação da região. Na barragem do reservatório foi construída uma eclusa, que o faz um elo importante no transporte hidroviário de mercadorias entre o rio Tietê e o rio Paraná, de importância para o Mercosul. Nos últimos 15 anos a produtividade primária oriunda das algas fitoplanctônicas triplicou (Calijuri, 1999) evidenciando uma aceleração do processo de eutrofização causada por acréscimo substancial das concentrações de macro e micronutrientes decorrentes de "imputs" de despejos domésticos, industriais e escoamento de áreas agrícolas. Os florescimentos de Cyanobacteria como Anabaena spp e Microcystis spp, estas potencialmente tóxicas, além de Aulacoseira spp, são periodicamente constantes e intensos, comprometendo a utilização das águas e pondo em risco a saúde dos que às utilizam. As altas taxas de sedimentação de material particulado, por outro lado, comprometem a vida útil do reservatório. A maioria das espécies dominantes no reservatório são grandes produtoras de polissacarídeos extracelulares (Nabaena spp, Microcystis spp, Ankira sp, Kirchneriella obesa, Staurastrum spp etc), e são as principais responsáveis pela produção de aproximadamente 12,000 ton/ano de carbono na forma de carboidrato extracelular (C-CHO), número estimado com base na produtividade primária obtida por vários autorescitados no projeto. Esses compostos, ricos em carbono, representam uma parcela importante da matéria orgânica produzida pela fotossíntese que é disponibilizada, sem a necessidade da morte da célula produtora, para agirem diretamente como substratos para organismos heterotróficos, complexação de metais, produção de TEP (transparent exopolimer particle), produção de substâncias húmicas, transporte de carbono para o sedimento e, potencialmente, transporte de metais tóxicos para a cadeia trófica e sedimentos. Os polissacarídeos extracelulares de origem algal (EPS) podem, também, promover associações específicas alga/bactéria nas quais o EPS serviria como fonte de carbono e substrato mecânico, quando na forma de bainhas e cápsulas gelatinosas em torno da célula algal (ficosfera). Este projeto se propõe, portanto, a estudar as possíveis funções ecológicas do papel dos EPS, os quais representam uma parcela considerável do ciclo do carbono em ambientes aquáticos e estudar rotas de ciclagem do carbono rotineiramente não abordadas. O projeto prevê que os dados obtidos nesses estudos poderão ser utilizados em monitoramentos de eutrofização e em programas de recuperação de corpos d'água cutrofizados. Outro produto do desenvolvimento do projeto seria o treinamento de pessoal para a utilização de técnicas limnológicas não convencionais... (AU)
Publicações científicas
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(Referências obtidas automaticamente do Web of Science e do SciELO, por meio da informação sobre o financiamento pela FAPESP e o número do processo correspondente, incluída na publicação pelos autores)