Resumo
Lectinas, através do reconhecimento específico e reversível de mono ou oligossacarídeos, desempenham diversas atividades biológicas. Algumas lectinas de plantas atuam sobre células da resposta imunitária inata e adaptativa. Nesse contexto, receptores do tipo Toll-like (TLRs) destacam-se como alvos do reconhecimento por lectinas; o reconhecimento de glicanas de TLRs pode desencadear a ativação de células apresentadoras de antígenos. Assim, ao atuarem como agonistas de TLRs, lectinas ativam macrófagos e induzem a polarização dessas células em um perfil M1 ou M2. A polarização M1 de macrófagos origina células com maior atividade microbicida e favorece a resposta contra patógenos intracelulares, enquanto que a polarização M2 gera um perfil anti-inflamatório. Nosso grupo demonstrou que a interação das lectinas ArtinM e Paracoccina com glicanas de TLR induzem um perfil de polarização M1. Propomo-nos agora a investigar o efeito de diversas lectinas de plantas, específicas para distintos oligossacarídeos, na polarização de macrófagos. Além disso, tencionamos avaliar a atividade efetora de macrófagos polarizados por lectinas de plantas, no contexto da infecção por Cryptococcus gattii. Sabe-se que a inalação de esporos ou leveduras desse patógeno pode causar a criptococose, afetando primariamente os pulmões de indivíduos imunocompetentes. Macrófagos de perfil M1 participam da resposta imune efetora contra o C. gattii. Visando cumprir as metas deste projeto, avaliaremos o efeito imunomodulador de lectinas de plantas (PHA-E, PHA-L, ConA, ArtinM, Jacalina, UEA, WGA, PNA, ML-1 e Morniga M) na polarização e repolarização, in vitro e in vivo, de macrófagos. Para tanto, quantificaremos a liberação de mediadores inflamatórios e a expressão relativa de marcadores clássicos dos perfis M1 (iNOs) e M2 (Arginase, Fizz, YM-1) nos macrófagos estimulados in vitro e in vivo pelas diferentes lectinas. Além disso, os macrófagos previamente polarizados para M1 ou M2 serão utilizados para avaliar a capacidade das lectinas em induzir a repolarização dessas células. Em relação a avaliação da atividade funcional dos macrófagos após incubação com as lectinas, procederemos a infecção in vitro com C. gattii e examinaremos as atividades fagocítica e de killing desses macrófagos. Assim, identificaremos lectinas capazes de modular a liberação de mediadores por macrófagos e de induzir a polarização dessas células, favorecendo, ou não, a atividade fungicida na infecção por C. gattii. Portanto, nossa proposta tem fundamental importância na ampliação dos estudos na polarização dos macrófagos via reconhecimento de carboidrato em PRR, e abre novas perspectivas para a aplicação da modulação da resposta imune inata no contexto da infecção por C. gattii.
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