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História natural de Centris (Paracentris) burgdorfi Friese, 1901 (Apidae, Centridini)

Texto completo
Autor(es):
William de Oliveira Sabino
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Instituto de Biociências (IBIOC/SB)
Data de defesa:
Membros da banca:
Isabel Alves dos Santos; Maria Cristina Gaglianone; Celso Feitosa Martins; Clemens Peter Schlindwein
Orientador: Isabel Alves dos Santos; Cláudia Inês da Silva
Resumo

Na presente tese estudei a biologia de Centris (Paracentris) burgdorfi, uma abelha solitária de ampla distribuição no Brasil. O único local de nidificação conhecido até o momento fica em uma área de dunas, no nordeste do Brasil, à 25 km da cidade de Natal. Neste local as fêmeas nidificam exclusivamente em paleodunas à cerca de 1 km do mar. Estudei o sistema de acasalamento da espécie, onde pude constatar que a alta competição por fêmeas próxima ao ninho faz com que o macho tenha que retirar a fêmea do local para conseguir o contato genital. Nenhuma fêmea foi vista acasalando mais de uma vez e, logo após a cópula a fêmea dá início à construção do ninho. O ninho é constituído de um túnel raso com acesso às células de cria, construídas uma ao lado da outra. Avaliei o número de viagens que a fêmea faz para a coleta de óleo e pólen e o tempo despendido em cada ação dentro do ninho (deposição de pólen, óleo, ovoposição e operculação). Durante o período de construção das células as fêmeas não dormem dentro do ninho, e sim, em ramos de Krameria tomentosa, a planta utilizada como fonte de óleo no local. Buscando ampliar nosso conhecimento sobre a espécie, procurei outras populações no Brasil para que pudesse avaliar o nicho trófico. Utilizei o pólen encontrado no corpo das fêmeas para inferir sobre a dieta parcial de adultos e imaturos. Além da área de dunas, no Nordeste, encontramos C. burgdorfi no cerrado em Cavalcante, Goiás e em áreas de campo de altitude, em Ponta Grossa, Paraná. Através da análise polínica, constatei a importância de plantas do gênero Chamaecrista como fonte de pólen, sendo este um dos poucos gêneros compartilhados entre os três locais. Krameria grandiflora foi a fonte de óleo em Cavalcante e em Natal, e Angelonia integérrima, foi a fonte de óleo no Paraná. Isso revela a amplitude de nicho trófico em C. burgdorfi não apenas em relação às espécies de plantas utilizadas na dieta mas, também, quanto ao tipo de elaióforo que a fêmea consegue acessar (epitelial e tricromático). Esta plasticidade possibilita a ampla distribuição da espécie em diferentes fitofisionomias. Analisei nutricionalmente a dieta na provisão da cria de C. burgdorfi do nordeste do Brasil e de células de cria de Centris (Paracentris) pallida, coletadas no sudoeste dos Estados Unidos. Centris pallida é uma espécie de Centridini que perdeu o comportamento da coleta de óleo. Centris burgdorfi possui uma dieta mais rica em lipídeos e proteínas, sendo a dieta de C. pallida mais rica em carboidratos. A dieta mais protéica de C. burgdorfi se deve à presença de Chamaecrista já que plantas que anteras poricidas contem mais proteínas em comparação às não-poricidas, como é o caso das fontes de pólen de C. pallida (Parkinsonia e Olneya) (AU)

Processo FAPESP: 13/01580-0 - Ecologia de Nidificação de Centris (Paracentris) burgdorfi (Apidae, Centridini).
Beneficiário:William de Oliveira Sabino
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado