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Uso de medicamentos psicotrópicos, problemas emocionais e qualidade de vida relacionada à saúde em estudo de base populacional

Texto completo
Autor(es):
Camila Stéfani Estancial Fernandes
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Faculdade de Ciências Médicas
Data de defesa:
Membros da banca:
Marilisa Berti de Azevedo Barros; Karen Sarmento Costa; Maria Cecilia Goi Porto Alves; Camila Nascimento Monteiro; Noemia Urruth Leão Tavares
Orientador: Marilisa Berti de Azevedo Barros
Resumo

O objetivo desta tese consistiu em analisar o perfil do uso de psicotrópicos segundo fatores sociodemográficos, a prevalência de problemas mentais e a procura de serviços de saúde que conduzem ao uso de psicotrópicos, bem como a associação dos problemas emocionais com a qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS). Trata-se de um estudo transversal de base populacional que utilizou dados do inquérito de Saúde de Campinas (ISACamp) realizado em 2014/2015. Em um primeiro estudo buscou-se analisar as diferenças, segundo o sexo, do perfil de uso de psicotrópicos e dos fatores associados a esse uso, bem como identificar as classes medicamentosas mais utilizadas. A amostra deste estudo foi composta por 1.999 indivíduos com 20 anos ou mais de idade. A prevalência do uso de psicotrópico foi de 11,7%, sendo 7,3% entre os homens e 15,8% entre as mulheres. O percentual de uso de antidepressivos foi significativamente maior no sexo feminino (44,3%) em comparação ao masculino (25,5%). Quanto aos fatores associados ao uso de psicotrópico, o relato de problema emocional/mental associou-se ao maior uso desse tipo de medicamento em ambos os sexos, mas, apenas nos homens, a cor da pele branca, a ausência de atividade ocupacional, o maior número de queixas de problemas de saúde e a presença de insônia mostraram associação com o uso. Apenas no sexo feminino verificou-se aumento significativo de utilização da droga com o avanço da idade e prevalências mais elevadas nos segmentos com maior escolaridade, maior número de doenças crônicas diagnosticadas e na presença do transtorno mental comum (TMC). O segundo estudo investigou a existência de desigualdade racial nas prevalências de problemas emocionais/mentais, TMC, insônia, procura por serviços de saúde e uso de psicotrópicos. A amostra foi composta por 1.953 indivíduos com 20 anos ou mais de idade. Considerou-se como variável central a cor da pele/raça autorreferida, tendo como categorias: brancos e pretos/pardos. Observou-se maior prevalência de TMC entre os pretos e pardos. Apesar de não ter sido observada diferença na prevalência do relato de problema emociona/mental entre os segmentos raciais, verificou-se que os brancos procuraram mais o serviço de saúde por causa do problema. No geral, os brancos também utilizaram mais psicotrópicos do que os indivíduos pretos e pardos. Em um terceiro estudo analisaram-se as associações e o grau de comprometimento da QVRS segundo tipo de problema emocional, grau de limitação e a percepção de controle do problema pelo tratamento. A amostra foi composta por 2.178 indivíduos com 18 anos ou mais de idade. Para avaliar a QVRS utilizou-se o instrumento SF-36®. Na presença do problema emocional/mental, os escores médios do SF-36® foram menores em todos os domínios, inclusive no componente físico. Observou-se que a queixa de depressão se associou mais fortemente com a QVRS do que a ansiedade. Quanto maior foi o grau de limitação provocado pelo problema, menores foram os escores médios do SF-36®. Os prejuízos da QVRS foram substancialmente maiores naqueles que não possuíam o problema controlado. Em conclusão, estes resultados podem contribuir para o aprimoramento de políticas públicas voltadas à saúde mental, de modo a favorecer a promoção do uso racional e igualitário de medicamentos psicotrópicos, bem como de ações preventivas, a fim de reduzir o impacto dos problemas mentais na QVRS (AU)

Processo FAPESP: 15/16161-9 - Uso de medicamentos psicotrópicos: fatores associados, motivos do uso e tendência temporal em estudo de base populacional
Beneficiário:Camila Stéfani Estancial Fernandes
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado