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Formas de Reparação do Mal no Portugal dos séculos XIV e XV

Texto completo
Autor(es):
Eduardo Lima de Souza
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: Franca. 2023-03-06.
Instituição: Universidade Estadual Paulista (Unesp). Faculdade de Ciências Humanas e Sociais. Franca
Data de defesa:
Orientador: Susani Silveira Lemos França
Resumo

Entre os séculos XIV e XV nos reinos cristãos europeus, torna-se cada vez mais recorrente a produção de obras pastorais escritas em língua vernácula, destinadas a clérigos e monges, propondo modelos de comportamento e prescrições relativas às formas de contato com o sagrado e à absolvição dos pecados. Embora destinadas a esses religiosos, essas prescrições não ficaram restritas a eles, pois chegaram à gente comum das diversas regiões do reino graças ao serviço pastoral de correção dos desvios, a confissão e a pregação. No reino de Portugal, tais conselhos e modelos de edificação referem-se, por vezes, às vivências dolorosas de redenção dos pecados, isto é, ao esforço contínuo de reparação das consequências negativas do pecado cometido contra Deus e contra o próximo. As prescrições referentes a essas práticas de satisfação propunham que a reparação pelo pecado cometido poderia ser alcançada pela reversão do ato falho e por gestos e expressões de arrependimento por vezes ardorosos ou visíveis. A presente pesquisa tem como alvo investigar, no período em que o tema da confissão se tornou um dos principais objetos da literatura teológica e pastoral – fruto da institucionalização da confissão auricular promulgada pelo IV Concílio de Latrão de 1215 –, as formas de reparação do mal, ou satisfação, aceitas e estimuladas na sociedade portuguesa do final do século XIV e ao longo do século XV. A prática da satisfação compunha-se dos três bens dados por Deus ao homem: os bens da alma, os bens do corpo e os bens temporais da fortuna. Pelos bens da alma, o fiel deveria satisfazer por orações e por todas as sete obras de misericórdia espirituais: ensinar, aconselhar, castigar, consolar, sofrer, perdoar e rogar; pelos bens corporais, o fiel deveria jejuar, fazer romarias, disciplinas, abstinências e todas as outras coisas que afligem o corpo; pelos bens temporais da fortuna, o fiel deveria dar esmola e cumprir todas as outras sete obras de misericórdia corporais: visitar, dar de comer, dar de beber, remir, vestir, dar pousada e enterrar o próximo. A partir desse levantamento, serão examinadas as diferentes situações ou circunstâncias em que essas práticas de satisfação eram recomendadas para aperfeiçoamento da alma e ordenamento social, com a finalidade de compreender os fundamentos morais da reparação dos erros então aceitos e defendidos. (AU)

Processo FAPESP: 21/04250-8 - Formas de reparação do mal no Portugal dos séculos XIV e XV
Beneficiário:Eduardo Lima de Souza
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado