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Avaliação dos mecanismos fisiopatológicos envolvidos na susceptibilidade na sepse pediátrica e suas consequências a longo prazo

Texto completo
Autor(es):
David Fernando Colón Morelo
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: Ribeirão Preto.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (PCARP/BC)
Data de defesa:
Membros da banca:
Fernando de Queiroz Cunha; Larissa Dias da Cunha; João Santana da Silva; Mauro Martins Teixeira
Orientador: Fernando de Queiroz Cunha
Resumo

A sepse é uma das principais causas de mortalidade de pacientes hospitalizados no mundo. Clinicamente é definida como uma disfunção orgânica potencialmente fatal causada pela resposta imune desregulada frente uma infecção. Ressalta-se que os recém-nascidos são um grupo etário particularmente susceptível à sepse, apresentando um maior risco de mortalidade quando comparado com a população adulta; contudo, os mecanismos que explicam esta alta susceptibilidade têm sido pouco estudados. Soma-se ao quadro de gravidade da sepse o fato que indivíduos adultos sobreviventes à sepse comumente desenvolvem um quadro de imunossupressão tardia de longa duração, associada com o aumento da susceptibilidade às infecções secundárias, que pode perdurar por até cinco anos. Entretanto, o entendimento das consequências imunes a longo prazo da sepse na população pediátrica tem sido negligenciado. Desta forma, o objetivo do presente trabalho foi estudar os mecanismos fisiopatológicos envolvidos na susceptibilidade dos indivíduos recém-nascidos à sepse assim como os mecanismos imuno-moleculares envolvidos nas consequências tardias da sepse em indivíduos recém-nascidos. Verificamos que, semelhante às observações epidemiológicas referentes à sepse pediátrica, animais recém-nascidos são mais susceptíveis à sepse, quando comparados aos adultos. Demostramos que esta alta susceptibilidade foi decorrente da elevada produção de NETs (Neutrophils Extracellular Traps) tanto in vitro como in vivo, associado como o incremento na expressão da enzima Padi4 e da citrunilação da histona H3 nos tecidos. Ainda, foi verificado que a degradação sistêmica das NETs, utilizando a rhDNase associada com a terapia antibiótica ou através da inibição farmacológica da enzima Pad4, aumentou significativamente a sobrevida dos animais sépticos recém-nascidos, a qual esteve associada à redução dos marcadores de inflamação sistêmica e lesões de órgãos vitais. Notavelmente, de maneira translacional, demostramos que pacientes pediátricos exibem maiores concentrações séricas das NETs comparados aos pacientes adultos, sendo estes níveis séricos de NETs correlacionados positivamente com a severidade da sepse pediátrica. No entanto, apesar da alta suscetibilidade à fase aguda da sepse, contrário ao previamente reportado em indivíduos adultos, demostramos que indivíduos recém-nascidos sobreviventes à sepse não desenvolvem imunossupressão tardia. Especificamente, animais recém-nascidos sobreviventes à sepse foram resistentes à infeção secundária induzida com P. aeruginosa assim como não apresentaram alterações na imunovigilância tumoral dependente de células T quando comparados aos adultos. Mecanisticamente, verificamos que está \"resistência\" ao desenvolvimento de imunossupressão estava associada com a redução na ativação do eixo IL-33/ILC2, macrófagos do perfil M2/Tregs assim como o alto grau de metilação do DNA nas células epiteliais pulmonares e nas células TCD4+CD25- de indivíduos recém-nascidos sobreviventes à sepse. Ainda, células Tregs de animais recém-nascidos apresentaram menor estabilidade na expressão de Foxp3. Com o intuito de transpor os nossos resultados para humanos, verificamos pela primeira vez que pacientes pediátricos sobreviventes à sepse não apresentam expansão das células Tregs nem incremento nos níveis séricos da IL-33 quando comparado com os adultos. Em conclusão, demostramos que, embora na fase aguda da sepse, os recém-nascidos são altamente susceptíveis, após o processo séptico, os indivíduos recém-nascidos sobreviventes à sepse são resistentes ao desenvolvimento da disfunção imune de longa duração decorrente da sepse, sugerindo que a imunossupressão decorrente da sepse pode ser um fenômeno dependente da idade. (AU)

Processo FAPESP: 16/11405-0 - Mecanismos imuno-moleculares envolvidos na resistência ao desenvolvimento da imunossupressão na sepse neonatal
Beneficiário:David Fernando Colon Morelo
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado