Análise de gossipol em coprodutos da indústria algodoeira e em produtos de origem animal destinados à alimentação humana

Resumo

A cadeia de produção do algodoeiro tem o caroço de algodão como principal coproduto, que pode ser utilizado na alimentação animal ou para extração do óleo para fins comestíveis ou para produção de biodiesel. Entretanto, o caroço de algodão apresenta como fator limitante a presença de gossipol, um composto polifenólico cuja toxicidade em ruminantes varia principalmente em função da dose e período de ingestão. Embora os animais ruminantes possuam maior tolerância à ingestão de gossipol, existe a possibilidade de intoxicação e/ou de transferência desse composto ou de seus metabólitos para os produtos animais, podendo constituir uma rota de exposição humana ao gossipol. A ingestão de caroço de algodão e de gossipol por animais já tem sido descrita pela literatura, entretanto, não existem estudos relatando a exposição humana crônica a esse contaminante pela via alimentar. Por outro lado, estudos correlacionam a presença de gossipol com diversas patologias, desde infertilidade até a possibilidade de contribuição para o aparecimento de doenças cuja etiologia ainda não está totalmente elucidada, como mal de Alzheimer. Assim, a caracterização do teor de gossipol presente nesses coprodutos e da possibilidade de transferência desse contaminante para os produtos derivados de origem animal, como carne ou leite, assume grande importância para avaliar a segurança de utilização desse coproduto com relação à toxicologia, tanto para o animal como para o ser humano. Pelo exposto, neste estudo propõe-se realizar a análise de gossipol total e livre (incluindo enantiômeros) em caroços, tortas e farelos de algodão destinados à alimentação de animais ruminantes e desses compostos em tecidos cárneos e leite, a fim de avaliar a significância da exposição animal e humana ao gossipol. (AU)