Estudo das alterações gênicas e do remodelamento cardíaco na endotoxemia induzida por lipopolissacarídeo: uso do RNA de interferência como ferrementa terapêutica para as alterações

Resumo

Os gastos no Brasil com pacientes de UTI no ano de 2003 somaram R$ 17,34 bilhões, o que representa aproximadamente entre 30 a 35% dos gastos globais com a área de saúde. No Brasil dados do estudo BASES mostraram que sepse é a principal geradora de custos nos setores público e privado (1). As bactérias Gram-positivas e Gram-negativas são as responsáveis pela maioria dos casos da sepse (36% e 35%, respectivamente) (2). A sepse grave e o choque séptico estão associados a taxas de mortalidade de 40 a 60%. A mortalidade não tem se modificado nas últimas duas décadas apesar do desenvolvimento de novos antibióticos e aprimoramento de medidas de tratamento intensivo (3). Os efeitos da sepse sob a função cardíaca foram o objeto de muitas investigações, contudo, por muito tempo tem se pensado que o coração é um dos últimos órgãos a ser afetado pela sepse, e quando acometido leva à morte (4-7). Em trabalho realizado por nosso grupo (in press no Critical Care Medicine segue anexo) comprovamos a correlação entre alteração de troponina, comprometimento do indice de trabalho cardíaco por sístole e o achado de ativação da enzima poli(ADP ribose) polimerase, sinal de intenso estrese oxidativo e ativação de vias de consumo fútil de energia que produzem a morte celular. Observamos também intenso infiltrado inflamatório e aumento do depósito de colágeno. A seguir realizamos estudos experimentais em ratos e temos resultados preliminares, onde observamos que as alterações cardíacas ocorrem já nas primeiras horas de endotoxemia, e há aumento de colágeno em 24 horas pós a injeção de lipopolissacarídeo. Dois animais tratados com RNAi para a proteína de conexão do citoesqueleto com a matrix extracelular (FAK), foram gentilmente cedidos, e induzimos a endotoxemia. Verificamos que estes animais apresentaram melhora dos parametros hemodinâmicos nas primeiras horas pós LPS, e menor produção de colágeno.Perante um quadro de sepse com choque, decorrente da intensa vasodilatação, qualquer fator que dificulte a se obter uma oferta de oxigênio que supra as necessidades metabólicas, intensificará a cadeia ou ciclo vicioso de lesão aos diversos órgãos. A disfunção do coração neste cenário, pode portanto agravar a evolução clínica. A caracterização da disfunção cardíaca e entendimento dos mecanismos fisiopatológiocs envolvidos é fundamental para uma adequada intervenção terapêutica e melhor evolução clínica. (AU)