Resumo
Epilepsia de lobo temporal mesial (ELTM) apresenta grande importância clínica, devido à alta prevalência, elevada proporção de pacientes com crises epiléticas refratárias e associação com disfunções cognitivas. As pessoas com ELTM apresentam menor qualidade de vida (QV) e maiores índices de depressão do que a população em geral. Já é sabido que a atividade física (AF) não é um fator precipitante de crises epilépticas, e estudos com animais e humanos mostram seus benefícios para o quadro da doença e para o bem estar emocional dessa população; no entanto, existe ainda uma lacuna no conhecimento de quais são os mecanismos induzidos pela AF que levam às melhoras clínicas e emocionais agudas e crônicas desses pacientes após a prática de uma sessão de exercício físico (EF) e após um programa de EF planejado. Há estudos em modelos animais com epilepsia induzida, que explicam algumas adaptações cerebrais, decorrentes de EF, que estão associados à redução de crises. Os estudos com humanos demonstram a melhora da QV, de índice de depressão, melhora cardiopulmonar e até diminuição da frequência de crises, mas nenhum deles explica os mecanismos neurológicos que levaram a essas melhoras. O presente estudo pretende analisar as adaptações cerebrais estruturais, através de técnicas de neuroimagem em ressonância magnética e bioquímicas, decorrentes de um programa de 32 semanas de EF aeróbio, e relacioná-las com a QV, índice de depressão, intensidade e frequência de crises, memória de longo prazo, frequência e intensidade de crises e a capacidade cardiopulmonar, antes e após o programa. Acreditamos que esta investigação poderá ajudar na melhor compreensão dos mecanismos neurobiológicos que o EF pode proporcionar às pessoas com epilepsia.
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