Resumo
As condições de dor persistente ou crônica são frequentemente acompanhadas de desordens emocionais e cognitivas. Essas mudanças disfuncionais ou inadaptadas nos circuitos aversivos/motivacionais provavelmente contribuem para os desafios do tratamento da dor neuropática. Entretanto, as abordagens experimentais e métodos utilizados para medir a dimensão afetiva da dor são ainda escassas na literatura. Considerando a neuroquímica envolvida na modulação nociceptiva, o sistema canabinóide é um importante sistema endógeno que participa da circuitaria da sensibilidade dolorosa, funcionando paralelamente ao sistema opióide e desempenhando papéis cruciais no desenvolvimento e resolução dos estados da dor, bem como nos aspectos afetivos e cognitivos da dor. A distribuição do sistema canabinóide no neuroeixo é ampla, sendo os canabinóides endógenos (CB) e seus receptores encontrados em todo o sistema nervoso central. Ainda, estudos recentes sugerem que os canabinóides atuam não apenas por meio da ação em receptores canabinóides (CB), mas também por modulação de receptores vanilóides (TRPV1). Este estudo terá como objetivo avaliar se o tratamento sistêmico com CBD modula a alodinia e hiperalgesia em modelo de dor neuropática. Em particular, será avaliado se a administração de CBD altera de maneira específica a resposta comportamental frente a estímulos nocivos agudos (térmicos e mecânico), ou seja, do componente discriminativo da dor, e/oudo componente afetivo-motivacional. Para atingir estes objetivos serão utilizados o teste de von Frey (alodiniamecânica), teste da placa quente e da acetona (avaliação da sensibilidade ao calor e ao frio, respectivamente) e o teste de preferência ao local condicionada (avaliará o compormento afetivo motivacional da dor). Em uma segunda etapa, será avaliado a expressão de receptores TRPV1 e CB1, bem como da proteína FOS em áreas encefálicas envolvidas na modulação do componente afetivo-motivacional da dor. Em particular, serão avaliadas as seguintes estruturas: córtex insular, no córtex do giro do cíngulo, na amígdala e no hipocampo. Considerando estes objetivos, pretendemos compreender os mecanismos que estariam envolvidos na modulação da dor neuropática e relacionados com a neurotransmissão canabinóide nas áreas encefálicas abordadas neste estudo. (AU)
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