Caracterização e controle de micotoxinas na alimentação de bovinos confinados

Autor(es)

Letícia Custódio

• Tipo de documento: Tese de Doutorado
• Imprenta: Jaboticabal. 2018-12-03.
• Instituição: Universidade Estadual Paulista (Unesp). Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias. Jaboticabal
• Data de defesa: 2018-10-11
• Orientador: Gustavo Rezende Siqueira

Resumo

O experimento foi dividido em duas fases. A primeira fase foi desenvolvida para identificar quais micotoxinas estavam presentes nas dietas de confinamentos brasileiros e a segunda fase foi para verificar o desempenho de bovinos confinados alimentados com micotoxinas e efeito do Mycosorb A+ ADS. Assim, o objetivo da primeira fase foi identificar quais micotoxinas e em quais concentrações estavam presentes em ingredientes utilizados em dietas de bovinos de cortes confinados. A pesquisa abrangeu 30 confinamentos brasileiros localizados em 5 diferentes estados. Amostras de ração total (RT) e ingredientes foram coletadas no local e enviadas para o 37+® Analytical Services Laboratory (KY, USA) para análise de micotoxinas. A quantificação de 38 micotoxinas diferentes foi realizada utilizando cromatografia líquida de ultra-desempenho acoplada a espectrometria de massa. As concentrações de micotoxinas foram interpretadas de acordo com sensibilidades específicas de espécies conhecidas e normalizadas de acordo com os princípios de fatores equivalentes tóxicos, determinando o Risk Equivalency Quantities (REQ) expressas em µg/kg equivalente de aflatoxina B1. Estatísticas descritivas foram obtidas utilizando o procedimento UNIVARIATE do SAS e estatísticas multivariadas foram obtidas utilizando o STATISTICA. As toxinas identificadas nas RT foram: fumonisinas, tricotecenos A, tricotecenos B, ácido fusárico, aflatoxinas e ergot (média de 2330; 104,3; 79,5; 105; 10,5 e 5,5 µg/kg). As fumonisinas foram as micotoxinas mais encontradas e em maiores concentrações nas amostras de RT. O amendoim foi o ingrediente mais contaminado. O objetivo da segunda fase foi avaliar o efeito de micotoxinas e ADS sobre o desempenho e a qualidade da carne de bovinos confinados. Foram utilizados 100 bovinos (430 ± 13 kg de peso corporal (PC) e 24 meses). O delineamento foi em blocos casualizados, em esquema fatorial 2 × 2 de tratamentos. Os tratamentos consistiram de dois fatores: Fator 1: RT com contaminação natural (CN) ou contaminação exógena (CE) e Fator 2 presença (10g/d/animal; ADS) ou ausência do ADS. As dietas CN e CE apresentaram, respectivamente, as seguintes contaminações: aflatoxina 0 e 10 µg/kg, fumonisina 5114 e 5754 µg/kg, tricotecenos A 0 e 22,1 µg/kg, tricotecenos B 0 e 42,1 µg/kg e ácido fusárico 42,9 e 42,9 µg/kg. No início do experimento, todos os animais foram pesados e 4 animais selecionados aleatoriamente foram abatidos para avaliar o peso inicial da carcaça. Após 97 dias de experimento, todos os animais foram pesados e abatidos. Bifes do Longissumus thoracics foram retirados entre a 11ª e a 13ª costelas, sendo três bifes aleatoriamente designados para tempos de maturação de 7, 14 e 28 dias a 4°C. A qualidade da carne foi analisada. Não houve interação entre os fatores para o consumo de matéria seca (CMS); (P = 0,92), porém houve tendência de redução para dietas CE- em 650 g/dia (P = 0,09). O ganho médio diário (GMD) foi maior para CN- em relação ao CE- (P = 0,04) e houve tendência de interação entre fatores (P=0,08) sendo 1,77, 1,65, 1,51 e 1,63kg para CN-, CN+ADS, CE-, CE+ADS, respectivamente. Os animais da CN- apresentaram maior PC final (596 kg) do que CE- (582 kg, P = 0,04). Houve tendência de interação entre os fatores para ganho de carcaça (P = 0,08). O ganho médio diário de carcaça foi de 1,20, 1,14, 1,05 e 1,12 kg, respectivamente, para CN-, CN+ADS, CE-, CE+ADS. Assim, o CN- apresentou maior ganho de carcaça em relação ao CE- e, além disso, o ADS recuperou parte do ganho quando usado em dietas CE. A composição química, cor, perda por cocção e maciez da carne não foram afetadas (P ≥ 0,38) pelos fatores. Em conclusão, a micotoxina afeta o desempenho de bovinos de corte, e o ADS pode recuperar parte desse dano quando os animais consomem dietas com uma contaminação mais alta. Porém, esses fatores não afetam a qualidade da carne. (AU)

• Processo FAPESP: 15/21416-6 - Caracterização e controle de micotoxinas na alimentação de bovinos nelore confinados
• Beneficiário: Letícia Custódio
• Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado