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Corpos abjetos: etnografia em cenários de uso e comércio de crack

Texto completo
Autor(es):
Taniele Rui
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Data de defesa:
Membros da banca:
Heloísa André Pontes; Alba Maria Zaluar; Gabriel de Santis Feltran; Maria Filomena Gregori; Ronaldo Almeida
Orientador: Heloísa André Pontes; Simone Miziara Frangella
Resumo

Nesta tese, parte-se da figura do nóia, apreendida por mim como uma categoria, a um só tempo, de acusação e de assunção que agrupa apenas um segmento muito particular dos usuários de crack: aqueles que, por uma série de circunstâncias sociais e individuais, desenvolveram com a substância uma relação extrema e radical, produto e produtora de uma corporalidade em que ganha destaque a abjeção. Se da perspectiva das interações concretas trata-se de uma categoria bastante plástica; é instigante o fato de que tal plasticidade some quando se fala publicamente do uso de crack: imediatamente é essa figura que emerge e justifica todo o aparato repressivo, assistencial, religioso, midiático, sanitário e moral. Portanto, é o corpo do nóia que radicaliza a alteridade, na medida em que materializa um tipo social fundado a partir da exclusão. Uma vez nessa condição, evoca limites corporais, sociais, espaciais, simbólicos e morais, bem como impulsiona a criação de gestões assistenciais e policialescas que visam tanto recuperá-lo quanto eliminá-lo. Considerando a permeabilidade das fronteiras corporais e suas conexões com processos sociais e simbólicos, o objetivo central da tese é, portanto, mostrar empiricamente (a partir da etnografia realizada entre os anos de 2008-2010 nas cidades de Campinas e de São Paulo) a potencialidade deste definhamento corporal e da produção desses corpos abjetos. Argumento que tais corpos se constituem na necessária interface com a substância, os espaços de uso, as redes de solidariedade e prestação mútua, os objetos necessários para o consumo, os atores sociais envolvidos no comércio, no consumo e na prevenção de danos decorrentes desse abuso e as políticas urbanísticas, assistenciais, sanitárias e repressivas. Menos que focar nas experiências dos usuários, mas tendo-as em conta, os corpos abjetos aqui em destaque serão observados porque produzem gestões, territorialidades e alteridades (AU)

Processo FAPESP: 07/54697-1 - Corpos dóceis, indoceis: usos de drogas, marcadores sociais e corporalidades
Beneficiário:Taniele Cristina Rui
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado