Paleoreconstrução holocênica do Oceano Atlântico Sudoeste: uma abordagem multiproxy da variabilidade paleoclimática, paleoceanográfica e de paleotemperatura

Autor(es)

Felipe Rodrigues dos Santos

• Tipo de documento: Tese de Doutorado
• Imprenta: São Paulo.
• Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Instituto Oceanográfico (IO/DIDC)
• Data de defesa: 2024-05-24

Membros da banca

Marcia Caruso Bicego; Rafael André Lourenço; Luiz Augusto dos Santos Madureira; María Alejandra Gómez Pivel

• Orientador: Marcia Caruso Bicego

Resumo

O período do Holoceno exibiu características climáticas cruciais que facilitaram a expansão e o avanço da civilização humana. Muitas margens continentais siliciclásticas apresentam características batimétricas e deposicionais específicas que provocam a formação de depósitos de lama que fornecem registros sedimentares capazes de registrar variações climáticas e oceanográficas ao longo de periodos geologicos. A compreensão dos mecanismos que influenciaram as flutuações climáticas e a identificação de eventos cíclicos nos arquivos geológicos desta época pode fornecer informações sobre a sensibilidade, frequência e probabilidade de futuras alterações climáticas em escala local, regional e global. Para estudar as variações paleoambientais na plataforma continental sul brasileira, foram utilizados dois registros sedimentares de alta resolução em associação com proxies sedimentológicos, elementares, isotópicos e moleculares (tamanho de grão, carbono orgânico total, δ13C, n-alcanos, alquenonas e δ13C-alcanos) para reconstruir o paleoclima, paleoceanografia e variações de paleotemperatura ao longo do Holoceno, buscando entender os respectivos mecanismos de forçamento que desencadeou variações de temperatura de superficie do mar (TSM) no Sudoeste do Oceano Atlântico (Capítulo 2), bem como a dinâmica de entrada, transporte e deposição de material terrígeno, mudanças na vegetação e variações nos padrões hidrológicos (Capítulo 3). As variações TSM em nossos registros podem ser atribuídas à interação entre a quente, salgada e pobres em nutrientes Água de Subtropical de Plataforma (ASP) e a frias, frescas e ricas em nutrientes Água Superficial Subantártica (ASS). Durante o Holoceno Inicial, o aumento do nível relativo do mar (NRM) e o deslocamento do limite norte dos ventos de oeste foram os principais fatores que influenciaram a variação latitudinal da Frente de Plataforma Subtropical (FPS). Uma vez que o NRM se estabilizou em torno de 5.000 cal AP, o deslocamento da pluma do Rio da Prata (RdP) tornou-se a característica mais importante de sedimentação e circulação na plataforma interna do sudeste da América do Sul. O aumento do NRM no Holoceno Inicial é também o principal fator que influencia a matéria orgânica sedimentar, acompanhado por um Sistema de Monções da Ámerica do Sul (SMAS) mais fraco e precipitação reduzida sobre a região do RdP, com o material orgânico terrígeno neste período originário tanto do RdP como de pequenos rios do continente. Durante o Holoceno médio, um NRM mais elevado causou um aprisionamento de sedimentos do estuário do RdP resultando em um baixo acúmulo de material terrígeno na plataforma sul brasileira. A partir de 6.000 anos cal AP, uma mudança na origem local da matéria orgânica terrígena coincide com uma diminuição do NRM e uma influência da pluma do RdP na região. Durante o Holoceno tardio, com um NRM estabilizado, ocorreram os maiores níveis de insolação de verão no sul, uma intensificação no SMAS e o estabelecimento do El Niño-Oscilação Sul (ENSO), indicando um periodo mais húmido sudeste da América do Sul, perceptível a partir 4.000 anos cal AP e intensificado após 2.000 anos cal AP. (AU)

• Processo FAPESP: 19/15252-1 - Composição, origem e evolução da matéria orgânica terrígena na margem Continental Sul do Brasil ao longo Holoceno: utilização de marcadores moleculares e 13C de compostos orgânicos específicos em testemunhos de alta resolução
• Beneficiário: Felipe Rodrigues dos Santos
• Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado