Busca avançada
Ano de início
Entree


Avaliação longitudinal da patologia cerebral por ressonância magnética e de sua relação com fatores clínicos e imunológicos em pacientes com esclerose múltipla

Texto completo
Autor(es):
Alfredo Damasceno
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Faculdade de Ciências Médicas
Data de defesa:
Membros da banca:
Fernando Cendes; Doralina Guimarães Brum Souza; Elizabeth Regina Comini Frota; Marcondes Cavalcante Franca Junior; Marcio Luiz Figueredo Balthazar
Orientador: Leonilda Maria Barbosa dos Santos; Fernando Cendes
Resumo

A esclerose múltipla (EM) é uma doença inflamatória e desmielinizante do sistema nervoso central que afeta cerca de 2,5 milhões de pessoas em todo o mundo e implica em um importante impacto social e econômico para o estado, resultante de incapacidades funcionais sensitivo-motoras e cognitivas. Nas últimas décadas, o estudo e o entendimento da EM se beneficiaram dos avanços das técnicas de neuroimagem. A Ressonância Magnética (RM) tem sido usada para estudar tanto a história natural da doença quanto para monitorar a eficácia de tratamentos, mas a correlação dos achados da RM convencional com os dados clínicos ainda é insatisfatória. Com isso, tem surgido o interesse em outras técnicas de RM, entre elas a avaliação da substância cinzenta cerebral. Entretanto, apesar dos avanços em neuroimunologia e neuroimagem, ainda existem poucos dados que possam predizer a incapacidade em longo prazo. Com isso, nosso objetivo foi identificar fatores clínicos e de RM relacionados a uma pior evolução clínica em pacientes com EM. Inicialmente nós realizamos um levantamento dos dados de 197 pacientes acompanhados no ambulatório de EM do HC-UNICAMP, levando em conta informações clínicas e epidemiológicas e o tempo que cada paciente levou para atingir escores específicos de incapacidade. Nós observamos que o grupo levou 25,8 anos para atingir o EDSS de 6,0, mas que pacientes do sexo masculino, e principalmente aqueles com surtos frequentes nos primeiros anos e com envolvimento do tronco cerebral ou cerebelo apresentaram uma evolução pior. Posteriormente, estabelecemos um subgrupo menor de pacientes a fim de estudar o comportamento longitudinal da patologia cerebral e sua relação com a incapacidade clínica e cognitiva. Foram acompanhados, durante um período de 24 meses, 43 pacientes com EM forma remitente-recorrente e 29 indivíduos controles, submetidos a exame neurológico, neuropsicológico e RM cerebral. O desempenho nos testes clínicos e neuropsicológicos foi pior no grupo dos pacientes, e 44,2% deles foram classificados como tendo disfunção cognitiva. Um pior desempenho cognitivo estava associado à presença de atividade subclínica da doença na RM, com uma alta carga lesional cortical e com a atrofia do corpo caloso. Além disso, uma maior incapacidade clínica também estava relacionada com estas lesões corticais, tanto cerebrais quanto aquelas presentes no córtex cerebelar. Como a presença de atividade subclínica foi um indicador importante de disfunção cognitiva, foi avaliado em um subgrupo de 15 pacientes a produção de citocinas pró-inflamatórias comparando com os dados de RM. Aqueles pacientes com lesões ativas na RM apresentaram uma produção significativamente maior de citocinas pró-inflamatórias, 10 vezes maior de INF-? e 22 vezes maior de TNF-?. O grupo de 43 pacientes foi acompanhado longitudinalmente e no final de 24 meses a atrofia cortical foi de 2,57% e da substância cinzenta subcortical de 3,8%, ambos significativamente maiores que no grupo controle. A presença de atrofia do tálamo no início estava relacionada a um maior risco de disfunção cognitiva após dois anos. Além disso, a presença de uma alta carga de lesões corticais no início do estudo estava relacionada a um risco 5,14 vezes maior de incapacidade clínica após 24 meses. Pode-se concluir que a substância cinzenta, cortical e subcortical, está difusamente afetada nos pacientes com EM, e que este dano progride consideravelmente em um período de dois anos, com importante impacto clínico e cognitivo (AU)

Processo FAPESP: 10/00885-4 - Avaliação longitudinal da atrofia cerebral e espessura cortical e sua relação com fatores clínicos e imunológicos em pacientes com esclerose múltipla
Beneficiário:Alfredo Damasceno
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado Direto