Aquisição fonológica da CODA vibrante

Resumo

De acordo com Goldstein (2003), no período inicial do desenvolvimento do controle motor da fala, as crianças aprendem a diferenciação entre articuladores (nos termos do autor "between-organ contrast"), como, por exemplo: lábios vs. língua. Num segundo momento, há um refinamento do controle neuromotor e, assim, as crianças aprendem a diferenciação intra-articuladores (nos termos desse autor "within-organ contrast"), como por exemplo, ponta da língua vs. corpo da língua. Posteriormente, na medida em que as crianças vão sendo capazes de diferenciar e movimentar os principais articuladores independentemente, elas, então, passam ao ajuste do grau e do local de constrição desses articuladores. A proposta de nosso estudo centra-se na investigação da aquisição fonológica de um segmento que envolve, justamente, o ajuste do grau de constrição da ponta da língua, como, por exemplo, a aquisição da coda vibrante - que em nossa região é produzida como aproximante retroflexa. Para tanto, serão analisadas produções de fala da coda vibrante de pelo menos 20 crianças, de ambos os sexos, entre 3-5 anos de idade, extraídas do banco de dados acústico digitalizado que vem sendo organizado pelos integrantes do PROPEFAL. Primeiramente, será feita uma caracterização perceptivo-auditiva das produções dessas crianças, com base na transcrição feita por pelo menos três juízes. Em seguida, daremos início à análise acústica dos dados, a partir de parâmetros acústicos que se mostrarem relevantes para essa análise. Finalmente, realizaremos o tratamento estatístico dos dados, objetivando identificar a existência (ou não) de contrastes encobertos, e em caso de existirem, levantar não só sua % de ocorrência, mas também de que modo são marcados acusticamente na fala das crianças. Subsídios teórico-metodológicos extraídos da Teoria Acústica de Produção de Fala, aliados ao da Fonologia Articulatória (BROWMAN e GOLDSTEIN, 1886, 1989, 1990a, 1990b, 1992) e Fonologia Acústico-Articulatória (ALBANO, 2001), estarão na base para a explicação de nossos resultados. (AU)