Filogeografia de Araneus guttatus (Arachnida: Araneae)

Resumo

Muitas hipóteses já foram propostas para o surgimento da enorme biodiversidade observada em regiões neotropicais, sendo a teoria de refúgios uma das mais discutidas até hoje. A América do Sul representa uma região interessante para esses estudos, uma vez que é composta por dois grandes biomas de florestas densas (Amazônia e Mata Atlântica) separados atualmente por uma faixa de vegetação aberta. Estudos geomorfológicos e paleopalinológicos sugerem que os dois biomas já foram unidos, separando-se por conseqüência das mudanças climáticas no Pleistoceno. Recentemente, trabalhos envolvendo filo geografia têm corroborado essa hipótese, embora esses estudos ainda sejam escassos no Brasil e poucos táxons tenham sido investigados até o presente. As aranhas (Arachnida: Araneae) têm sido foco desses estudos em várias regiões do mundo, mas nunca nos neotrópicos. Araneus venatrix (Araneidae) representa um bom modelo de estudo, já que sua distribuição restringe-se à Amazônia e Mata Atlântica, com ausência de espécimes na região central do Brasil. Este trabalho propõe o estudo dos padrões filogeográficos e estrutura populacional de A. venatrix, através de seqüenciamento da região do gene Citocromo Oxidase I (COI) do mtDNA e amplificação de microssatélites. Os objetivos do estudo são relacionar a variabilidade e estruturação a características da espécie e do ambiente, além de discutir os prováveis processos evolutivos responsáveis pela distribuição geográfica dessas aranhas, discutindo os efeitos das mudanças climáticas do Pleistoceno sobre as populações dessa espécie. (AU)