Estudos estruturais e funcionais com a bothropstoxina-I, isolada do veneno de Bothrops jararacussu, e com derivados do ácido cafeico

Resumo

Os acidentes envolvendo as serpentes do gênero Bothrops se destacam no Brasil e em outros países da América Latina, representando 90% das notificações. O envenenamento botrópico é caracterizado por intensa mionecrose local que não é eficientemente neutralizada pelo único tratamento disponível, isto é, a soroterapia. Como conseqüência, em casos graves, este acidente pode levar a amputação de membros, desabilitando a vítima. Os principais responsáveis pelo desenvolvimento da mionecrose são proteínas com estruturas homólogas às enzimas fosfolipases A2 (PLA2s). Entre essas se destacam as variantes cataliticamente inativas que apresentam como característica um resíduo de lisina na posição 49 (Lys49-PLA2s). Deste modo, propõe-se o estudo estrutural da bothropstoxina-I (BthTX-I), uma Lys49-PLA2 isolada do veneno de Bothrops jararacussu, através de técnicas de cristalografia de raios X. Neste estudo, inclui-se a interação da BthTX-I àa possíveis inibidores vegetais, tais como ácido cinâmico, ácido p-cumarínico, ácido ferúlico, ácido clorogênico, ácido caftárico e ácido chicórico. A corroboração da atividade neutralizadora desses compostos será investigada por estudos eletrofisiológicos e morfológicos em preparação neuromuscular de camundongos. Este projeto de pesquisa é a continuação dos estudos realizados pelo aluno em seu curso de mestrado, onde o mesmo investigou o papel de compostos de origem semelhante aos propostos neste projeto na atividade da PrTX-I, uma toxina praticamente idêntica à BthTX-I. Os resultados destes estudos foram publicados em um periódico internacional de alto impacto e outros dois artigos estão atualmente em preparação.