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Análise farmacogenômica em indivíduos com hipercolesterolemia familial

Texto completo
Autor(es):
Carolina Dagli Hernandez
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Conjunto das Químicas (IQ e FCF) (CQ/DBDCQ)
Data de defesa:
Membros da banca:
Rosario Dominguez Crespo Hirata; Patricia Moriel; Paulo Caleb Júnior de Lima Santos
Orientador: Rosario Dominguez Crespo Hirata
Resumo

Introdução: A hipercolesterolemia familiar (HF) é uma dislipidemia monogênica com alto risco de desenvolvimento de doença aterosclerótica precoce. As estatinas são o tratamento de primeira linha para pacientes com HF. As estatinas reduzem substancialmente o colesterol da lipoproteína de baixa densidade (LDL-c) e têm uma boa eficácia e perfil de segurança. No entanto, alguns pacientes não respondem adequadamente, enquanto outros apresentam eventos adversos relacionados às estatinas (SRAE). Fatores genéticos e não genéticos contribuem para a variabilidade na resposta às estatinas, mas existem poucos estudos sobre fatores farmacogenômicos na população brasileira. Objetivo: Explorar a associação de variantes genéticas com a resposta aos hipolipemiantes e SRAE em pacientes brasileiros com HF. Pacientes e Métodos: Pacientes adultos com HF (n=114) foram selecionados e dados clínicos e farmacoterapêuticos foram obtidos. A resposta ao tratamento com estatinas foi considerada como atingindo uma redução do LDL-c de 50%. Amostras de sangue foram obtidas para exames laboratoriais e extração de DNA genômico. Um painel de 84 genes (relacionados a HF e farmacogenes) foi analisado por sequenciamento de genes direcionados a exon (ETGS). Os dados de sequenciamento de DNA foram analisados usando um pipeline de descoberta de variantes. O impacto funcional das variantes em genes relacionados à farmacocinética (PK) e farmacodinâmica (PD) foi avaliado usando um escore de predição de funcionalidade (FPS) e outras ferramentas in silico. A resposta do LDL-c a estatinas e ao risco de SRAE foi analisada em portadores de variantes deletérias nos genes PK e PD, com frequência de alelo raro > 5,0% ou 10%, usando análises de regressão linear univariada e multivariada. A análise de modelagem molecular foi usada para explorar o efeito funcional in silico de variantes deletérias. Resultados: Cinquenta e oito (50,8%) dos pacientes com HF responderam às estatinas e 24 (21,0) apresentam SRAE. Obesidade e consumo de álcool foram mais frequentes no grupo de não respondedores (NRE) (p<0,05), enquanto o uso concomitante de ezetimiba e SRAE foram mais prevalentes no grupo de respondedores (RE) (p<0,05). ETGS revelou variantes patogênicas em genes relacionados a FH (19 LDLR, 1 APOB e 1 PCSK9), 402 variantes em 23 genes relacionados a PK (186 missense, 2 stop-gain, 1 stop-loss, 10 frameshift indel, 5 deleções in-frame, 16 em sítios de splicing, 29 na região 5´UTR e 153 na região 3´UTR), e 752 variantes em 33 genes relacionados com PD (249 missense, 1 stop-gain, 9 start-loss, 5 frameshift indel, 9 inframe indel, 26 em sítios de splicing, 67 na região 5´UTR e 386 na região 3´UTR). A análise de predição funcional revelou que 21 variantes missense, 1 stop-loss, 7 splice-site e 10 frameshift / inframe em genes PK são deletérias. A análise de regressão multivariada de 16 variantes em transportadores ABC e SLC e enzimas que metabolizam CYP com MAF > 10,0% e ajuste para covariáveis não genéticas, revelou que as variantes ABCC1 rs45511401 (c.2012G>T, p.Gly671Val) e SLCO1B3 rs60140950 (c.683G>C) aumentam a redução do LDL-c ao tratamento com estatina (p<0,05). A análise de modelagem molecular revelou que Val671 aumenta a interação de ABCC1 com estatinas em comparação com a proteína de referência (Gly671). Em genes relacionados ao PD, 93 missense, 1 start-loss, 3 stop-gain, 10 splice-site and 4 frameshift foram considerados deletérios. A variante missense LPA rs76062330 (c.5468G>T) foi associada a maior redução do LDL-c, mesmo após as correções (p ajustado=0,001). A análise de regressão linear multivariada mostrou que a variante KIF6 rs20455 (c.2155T>C) reduziu a resposta do LDL-c à atorvastatina (p=0,014), enquanto a regressão logística multivariada revelou associação de LPA rs3124784 (c.6046C>T) com resposta aumentada às estatinas (p=0,022). Variantes deletérias em genes relacionados a PK e PD não foram associadas ao aumento do risco de SRAE em pacientes com FH. Conclusões: As variantes deletérias ABCC1 c.2012G>T, SLCO1B3 c.683G>C, LPA c.5468G>T e LPA c.6046C>T aumentaram a redução do LDL-c. KIF6 rs20455 (c.2155T>C), uma variante neutra, diminuiu a redução de LDL-c à atorvastatina. Variantes deletérias não foram associadas ao aumento de risco de SRAE. (AU)

Processo FAPESP: 16/25637-0 - Análise farmacogenômica e farmacoepigenômica em indivíduos com hipercolesterolemia familial
Beneficiário:Carolina Dagli Hernandez
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado Direto