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Resíduos agroindustriais de frutos amazônicos: composição bioativa, bioacessibilidade e potencial de uso como prebiótico

Texto completo
Autor(es):
Anna Paula de Souza Silva
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: Piracicaba.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALA/BC)
Data de defesa:
Membros da banca:
Severino Matias de Alencar; Adriano Costa de Camargo; Marcelo Franchin; Masaharu Ikegaki
Orientador: Severino Matias de Alencar
Resumo

A intensa geração global de resíduos e subprodutos resultantes das atividades agroindustriais sinaliza a necessidade de estudos para reaproveitamento destes materiais. Este trabalho teve como objetivo determinar a composição nutricional, bioativa e o potencial prebiótico de subprodutos (tortas) do processamento do açaí (Euterpe oleracea Mart) e do inajá (Maximiliana maripa Aubl Drude) como fontes naturais de nutrientes e compostos com atividades antioxidante e anti-inflamatória. As tortas de açaí e inajá foram provenientes do processamento dos frutos para extração de óleo. Inicialmente, foram determinados a composição centesimal e o perfil mineral dos materiais brutos, seguido do potencial prebiótico utilizando bactérias probióticas (Lacticaseibacillus rhamnosus e Bifidobacterium animalis subsp. lactis). Posteriormente, os extratos das tortas foram submetidos à digestão gastrointestinal in vitro, obtendo-se a fração bioacessível (BF) de cada um, as quais foram analisadas por LC-ESI-QTOF-MS/MS para identificação de moléculas bioativas. Os extratos não digeridos (NDE) e suas respectivas BF foram avaliados in vitro quanto ao teor de compostos fenólicos totais (TPC) e capacidade de sequestro dos radicais peroxila, ânion superóxido e ácido hipocloroso. A atividade anti-inflamatória dos NDE e BF também foi determinada por meio da inibição da ativação do NF-B e TNF-α. Os NDE e BF de açaí e inajá ainda foram avaliados quanto à toxicidade aguda em Galleria mellonella. Na composição centesimal, o teor de fibras alimentares foi de 80,11 ± 2,55 e 62,16 ± 3,39% para as tortas de açaí e inajá, respectivamente). Ambos os subprodutos apresentaram um perfil mineral diverso e, de modo geral, com maiores teores em comparação às polpas dos respectivos frutos. Mg, K e S estão entre os elementos presentes nas maiores concentrações. Quanto ao potencial prebiótico, ambas as tortas aumentaram a viabilidade das bactérias após 24 h de fermentação em meios de cultura contendo os subprodutos, com destaque para o resultado da torta de inajá para L. rhamnosus (8,3 ± 0,1 log CFU/mL). Ácidos fenólicos, isoorientina e vitexina foram identificados na BF de açaí, enquanto os ácidos caféico hexosídeo e cítrico, glabridina e eriodictiol 7-O-glicosídeo foram identificados na BF de inajá, evidenciando que esses compostos possam ser responsáveis pelas atividades biológicas determinadas. Para o TPC, não foi observada diferença estatística entre o NDE e a BF de um mesmo subproduto, porém houve diferença significativa NDE e BF de subprodutos diferentes. A capacidade de sequestro do radical peroxila do NDE de açaí diminuiu cerca de 2,3 vezes após a digestão, enquanto que para o inajá não houve diferença estatística, sendo a BF de inajá 1,42 vezes mais eficiente em comparação à BF de açaí. Os NDE e as BF dos subprodutos ainda demonstraram capacidade de sequestro do ácido hipocloroso. Para a atividade anti-inflamatória, macrófagos tratados com 100 μg/mL de NDE ou BF de açaí reduziram a ativação de NF-B em 80 e 85%, contra 33 e 96% de NDE e BF de inajá, respectivamente. Os níveis de TNF-α foram reduzidos a 70 e 81% para NDE e BF de açaí, respectivamente, e em 93% para BF de inajá. Finalmente, a avaliação de toxicidade in vivo indicou toxicidade nas larvas de G. mellonella tratadas com NDE de açaí (0,1 g/kg) e de inajá (4 g/kg). Entretanto, as BF de ambos os subprodutos não apresentaram toxicidade. Portanto, os resultados deste trabalho indicam que as tortas de açaí e inajá possuem potencial para reaproveitamento industrial como possíveis fontes de fibras e minerais com potencial atividade prebiótica; bem como para matérias-primas para a extração de compostos naturais com ação antioxidante e anti-inflamatória. (AU)

Processo FAPESP: 19/14358-0 - Resíduos agroindustriais de frutos amazônicos: composição bioativa, bioacessibilidade e potencial de uso como prebiótico
Beneficiário:Anna Paula de Souza Silva
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado