Ações rápidas da triiodotironina (t3) sobre a expressão e secreção de tsh: novos mecanismos envolvidos no feedback negativo.

Resumo

Os hormônios tiroidianos (HTs) participam de diversos processos biológicos, por meio de ações que exercem sobre a expressão de genes que codificam proteínas envolvidas com o metabolismo, o crescimento e o desenvolvimento, ações essas conhecidas como genômicas. Todavia, algumas ações dos HTs são desencadeadas na presença de inibidores da transcrição gênica e em curto espaço de tempo (segundos a minutos), indicando que eles exercem também ações não genômicas. Tanto a síntese como a secreção dos HTs são reguladas pelo hormônio tireotrófico (TSH), cuja secreção, e também síntese, estão sob o controle do hormônio liberador de TSH, o TRH, produzido no hipotálamo. A atividade deste sistema hipotálamo-hipofisário, por sua vez, é regulada pela própria concentração de HTs circulantes, os quais, por um mecanismo de feedback negativo, atuam na hipófise e no hipotálamo reduzindo a síntese e secreção de TSH e TRH, respectivamente. Enquanto vários estudos vêm sendo desenvolvidos para melhor compreensão do mecanismo pelo qual os HTs atuam reprimindo a expressão do gene do TSH, poucos existem sobre as possíveis ações não genômicas dos HTs sobre o controle da expressão deste gene. Trabalhos desenvolvidos no nosso laboratório demonstraram que o T3, administrado agudamente (30 min) a ratos hipotireoideos, regula a expressão e a poliadenilação do mRNA do BTSH, além de aumentar o conteúdo de TSH protéico na hipófise. Estas alterações ocorreram concomitantemente com uma redução na marcação de TSH na periferia dos tireotrofos, o que indica que em paralelo a uma ação não genômica do T3 no processamento do mRNA, que poderá repercutir sobre a síntese de TSH, o T3 parece exercer um efeito inibitório sobre a secreção do TSH.O presente projeto tem como objetivo caracterizar as ações não genômicas do T3 sobre a síntese e secreção do BTSH, bem como as bases moleculares envolvidas nessas ações, em cultura de células de tireotrofos TaT1. Para tal avaliaremos: (a) a expressão, taxa de decaimento e o comprimento de cauda poli-A do mRNA do BTSH; (b) as possíveis interações deste mRNA com proteínas citosólicas e polissomos; (c) a taxa de tradução deste transcrito; (d) o conteúdo de TSH hipofisário e a sua secreção, bem como (e) o grau de polimerização do citoesqueleto de actina, e sua relação com os processos descritos.