Avaliação pré-clínica para administração oral de formulações nanoestruturadas contendo fármacos com atividade anti-helmíntica

Resumo

As doenças causadas por helmintos acometem mais de um bilhão de pessoas no mundo e representam um importante problema de saúde pública. Consideradas doenças negligenciadas, essas enfermidades não só prevalecem em condições de pobreza, mas também representam forte entrave ao desenvolvimento dos países e são determinantes na manutenção do quadro de desigualdade. Em face do longevo e dispendioso processo para o desenvolvimento de um novo fármaco, o "reposicionamento de fármacos", cujo método é baseado em novos usos para medicamentos existentes, é considerado uma estratégia promissora. Nesse contexto, estudos recentes do nosso grupo (Auxílio FAPESP #2016/22488-3) demonstraram que alguns fármacos usados em outras patologias também possuem ação antiparasitária em Schistosoma mansoni, o verme responsável pela Esquistossomose, doença que afeta mais de 200 milhões de pessoas. Não obstante, alguns desses fármacos não estão disponíveis para pacientes pediátricos ou precisam ser administrados em doses acima do preconizado para atingirem a ação antiparasitária. Recente parceria entre nosso grupo e pesquisadores do Distrito Federal (Acordo de Cooperação FAPDF/FAPESP #2019/23504-0, em fase de análise) tem como intento o desenvolvimento de formulações orais, de baixo custo, em forma de dispersão de nanoemulsões que carreiem os fármacos que previamente apresentaram propriedades anti-helmíntica em S. mansoni. Destarte, a presente proposta tem como objetivo avaliar o potencial terapêutico de fármacos nanocarreados em S. mansoni in vitro e, subsequentemente, realizar ensaios pré-clínicos usando camundongos infectados com S. mansoni. Insta sobrelevar que as nanoformulações são desenvolvidas para uso oral e tem potencial para aumentar a absorção gastrointestinal dos fármacos, o que permite reduzir a dose administrada, otimizando, por conseguinte, o protocolo terapêutico. (AU)