Influência dos preços dos alimentos e da renda familiar sobre a participação de alimentos ultra-processados na dieta

Resumo

Introdução. Embora o crescimento vertiginoso da produção e consumo de alimentos ultra-processados (AUP) seja freqüentemente considerado como uma importante causa da atual pandemia de obesidade e doenças crônicas relacionadas pouco se sabe sobre seus determinantes. Ainda que evidências indiquem forte influência da renda familiar e o preço relativo dos alimentos sobre o processo de escolha alimentar o efeito desses determinantes sobre o consumo de alimentos ultra-processados permanece desconhecido. Objetivo. Avaliar a influência da renda familiar e dos preços dos alimentos sobre o consumo de alimentos ultra-processados no Brasil. Métodos. Dados coletados pelas pesquisas de orçamentos familiares realizadas pelo IBGE entre Julho de 2002 e Junho de 2003 e entre maio de 2008 e maio de 2009 servirão de base para esse estudo. Em cada um das POFs, analisaremos, de forma transversal, a relação entre renda, preços e aquisições de alimentos e bebidas feitas ao longo de 12 meses por agregados de famílias brasileiras agrupadas segundo critérios geográficos e socioeconômicos. Para o estudo longitudinal da relação entre renda, preços e aquisição de AUP, consideraremos agrupamentos de estratos de domicílios situados em uma mesma região geográfica e estudados, sucessivamente, em 2002/03 e em 2008/09. O total adquirido de cada alimento será convertido em energia usando tabelas de composição alimentar. A definição de AUP levará em conta a extensão e a finalidade do processamento industrial aplicado aos alimentos. A influência da renda familiar e do preço dos alimentos sobre o consumo de AUP será estudada empregando-se modelos de regressão múltipla (log-log) que estimam coeficientes de elasticidade-preço (própria e cruzada) e elasticidade-renda, ambos ajustados para variáveis de confundimento.