Resumo
A molécula de DNA é constantemente sujeita à ação de agentes físicos (como a luz UV) e químicos (como quimioterápicos ou espécies reativas de oxigênio e/ou nitrogênio) que podem ocasionar lesões. Tais lesões podem interferir em processos importantes para a célula como a replicação do DNA e a transcrição do RNA, podendo resultar em mutações ou morte celular. A radiação ultravioleta (UV) é um agente ambiental reconhecidamente genotóxico. Dentro espectro de UV (UVC: 200-280nm, UVB: 280-315nm e UVA: 315-400nm), podemos destacar a luz UVA por ser a mais abundante na superfície terrestre (cerca de 90%), e assim como UVC e UVB, é nociva para o DNA, proteínas e lipídios podendo participar na indução de câncer de pele. Os danos causados por luz UVA podem dar origem a fotolesões através de sua absorção direta pelo DNA, como por exemplo, dímeros de pirimidina ciclobutano (CPDs) e pirimidina (6-4) pirimidona (6-4 PPs). Alternativamente, fotossensibilizadores excitados pela luz UVA podem dar origem bases oxidadas mediados por oxigênio singlete (1O2) ou outros radicais de oxigênio, na qual, o principal produto formado é a 8-oxo-7,8-dihidroguanina (8-oxoG). Como consequências a esses danos, a exposição à UVA pode provocar mutações que são as causas primárias na formação de tumores. Exemplos dramáticos dessa relação (lesão-mutação-câncer) é demonstrada em uma síndrome rara e hereditária, conhecida como Xeroderma pigmentosum (XP), que se caracteriza por mutações em um dos sete genes que codificam as proteínas (XP-A a G) que participam do Reparo por Excisão de Nucleotídeo (NER - Nucleotide Excision Repair) e um grupo variante (XP-V) que codifica para a DNA polimerase (pol eta) que faz a síntese translesão (TLS) de danos causados por UV. A proporção de pessoas afetadas com XP é cerca de um a cada cem mil habitantes, porém, em uma comunidade no estado de Goiás foram diagnosticados mais de vinte pacientes em uma população de cerca de mil habitantes e dados preliminares observados pelo nosso grupo indicam que esses pacientes tenham mutações no gene POLH que codifica a pol eta, sendo então diagnosticados como XP-V. Levando em consideração a importância de se compreender os mecanismos de indução de lesões por UVA na molécula de DNA e suas consequências mutagênicas, este projeto tem o objetivo de verificar os danos diretos e/ou indiretos na molécula de DNA causados por luz UVA e os tipos de mutações geradas no genoma de células XP-V, bem como em células dos pacientes de Goiás, caracterizar o perfil de mutação dessas células e assim identificar quais mutações contribuem para o fenótipo clássico observado nesses pacientes. A caracterização da mutagênese dessas células irradiadas com luz UVA será realizada utilizando técnicas clássicas de detecção de mutações (no gene HPRT) e através do sequenciamento do exoma. (AU)
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