Resumo
Melanomas são tumores que podem frequentemente evoluir para sua forma mais agressiva, metastática, sendo responsáveis por mais de 80% das mortes causadas por todos os tipos de câncer da pele. Considerando que, se não diagnosticado e tratado precocemente pode progredir rapidamente e levar o paciente ao óbito, a busca por biomarcadores tumorais tanto em amostras de tumor quanto em fluidos biológicos que possam conduzir a tratamentos mais adequados é de extrema relevância. Estima-se que cerca de 90% do genoma seja transcrito em RNAs não codificantes (ncRNAs), que incluem os micro RNAs (miRNAs) e ncRNAs longos (lncRNAs). Variações na expressão e/ou sequência destes transcritos estão entre as alterações moleculares observadas em tumores, como o melanoma. O papel dos lncRNAs já foi relacionado a processos biológicos como proliferação, diferenciação e migração celular. Além disso, estudos recentes demonstram que lncRNAs podem regular maquinaria epigenética, splicing e estabilidade de mRNAs, além de recrutar fatores de transcrição. miRNAs têm função reguladora e controlam diversos processos biológicos, já que se ligam a RNAs mensageiros (mRNA) alvos e impedem sua tradução. Desta forma, o aumento ou diminuição da expressão de ncRNAs contribui com a quebra da homeostase celular e favorece o desenvolvimento de diversas doenças, inclusive do câncer. Além de seu papel na biologia do tumor, estudos têm demonstrado o potencial uso de ncRNAs como marcadores de diagnóstico, predição de resposta a terapias, e prognóstico para monitoramento da progressão da doença. Neste contexto, com base em modelo celular linear de progressão do melanoma, o objetivo desse trabalho é investigar e identificar ncRNAs diferencialmente expressos durante a progressão do melanoma, elucidar seu papel na biologia desta doença e avaliar seu potencial de predizer a evolução para metástases e, com isso, auxiliar na conduta terapêutica. Os dados obtidos inicialmente em modelo celular servirão de base para análises em linhagens celulares de melanoma humano e exossomos isolados de plasma de pacientes com melanoma primário com e sem metástases. Além disso, análises de dados públicos de amostras humanas de melanoma relativas à expressão dos ncRNAs identificados e sua correlação com sobrevida serão realizadas. Em conjunto, este estudo poderá contribuir com o desenvolvimento de novas formas de prognóstico, diagnóstico e terapia do melanoma, além do entendimento do papel de ncRNAs na gênese e progressão do melanoma. (AU)